Bits and pieces de Física e assuntos relacionados
Esse é um post com links, muitos links. Então, se prepare!
OPERA e neutrinos superluminares
A não ser que você esteve de férias em Marte na última semana, você deve ter ouvido falar que a colaboração OPERA mediu a velocidades de neutrinos produzidos no acelerador SpS do CERN e detectados no laboratório subterrâneo de Gran Sasso, a 730km de distância, e encontraram uma velocidade um pouco acima da velocidade da luz.
Não é necessário dizer que a maior parte dos físicos vê esse resultado com um prior muito, muito (eu já disse muito?) baixo. E já há no mercado uma infinidade de razões para que o resultado esteja errado. A maioria dos links abaixo tem uma ou outra dessas razões e, para ser honesto, maioria delas existe porque o OPERA nunca foi pensado para fazer essa medida. Originalmente a idéia era medir a oscilação de neutrinos do muon para neutrinos dos táon, mas eles demoraram muito para construir o detector e quando ficou pronto, além de já estar obsoleto, as medidas feitas por outros experimentos na diferença de massa “atmosférica” fez com que o número de eventos esperados para toda vida do experimento sejam singelos 2.
Bem, esse não é o primeiro experimento com erros de projeto e nem vai ser o último. Poucos de vocês devem ter ouvido falar do experimento AMY, no acelerador TRISTAN (que precedeu o KEKB). Esse experimento estudava colisões a 60 GeV, onde é bem o ponto em que a interferência entre o fóton e o bóson Z faz com que nada de interessante seja produzido (e é por isso que poucos de vocês já ouviram falar dele :P)
Anyway, chega de papo e vamos a alguns links:
- Measurement of the neutrino velocity with the OPERA detector in the CNGS beam (o artigo da colaboração)
- Apresentação no CERN anunciando o resultado
- Blogs comentando sobre o assunto
Fim da vida do Tevatron
É colegas, essa sexta-feira vai ser o fim da vida do Tevatron. Muita coisa está sendo escrita e falada sobre o acelerador e os dois experimentos que tomaram dados por 20 anos! Se você quiser acompanhar o Tevatron sendo desligado, pode acompanhar pela web:
Transmissão ao vivo do desligamento do Tevatron Sexta-feira, 30 de setembro, a partir das 16h00 (horário de Brasília)
Celebrando o Tevatron Site muito legal do Fermilab com uma linha do tempo mostrando as principais descobertas físicas e desenvolvimentos tecnológicos do Tevatron, D0 e CDF.
Tevatron – Três décadas de descobertas Outra linha do tempo, dessa vez da Scientific American.
Um epitáfio para o Tevatron Artigo da Science, por Adrian Cho
Vida longa ao Tevatron Artigo do CERN Courier, por Chris Quigg
Lembrando do Tevatron: A máquina Artigos da conferência DPF 2011 sobre o Tevatron, por Stephen Holmes.
Vai ser engraçada essa transmissão do Tevatron sendo desligado, eu acho. Aparentemente vai ser tudo orquestrado pelo diretor do laboratório entre as salas de controle do Tevatron, do D0 e do CDF. Quer dizer, vai ser a mesma coisa que se faz 2 ou 3 vezes por dia, todo dia, só que anunciado para o mundo?
“E agora eu estou desligando a alta tensão…”
Coisa mais boba. LOL.
Princeton quebrando paradigmas de publicação de artigos
Um assunto sobre o qual eu também já escrevi um par de vezes aqui no blog é sobre a dinâmica de publicações científicas e o papel nocivo das editoras no “mercado” acadêmico e científico. Hoje saiu uma notícia muito interessante relacionada ao assunto. E não vem de um lugar desconhecido no meio do nada. A Universidade de Princeton, vista por muitos como a melhor universidade de ciência do mundo, decretou que nenhum de seus empregados poderá publicar em revistas nas quais o copyright tenha que ser passado à editora.
Claro que, de fora, é muito difícil saber a razão exata do porquê dessa decisão. Consigo imaginar coisas não tão nobres, mas a notícia em si é um grande passo em direção a uma dinâmica mais saudável de trabalho.
Princeton bans academics from handing all copyright to journal publishers
Pronto, agora você pode procrastinar o resto do dia lendo esses vários links e links dentro de links.
Perguntinha boba: o que será dos equipamentos e do túnel do Tevatron depois que ele for desligado? Vão transformar num museu, ou algo assim?
Tanto o TeV, quanto o D0 e CDF vão ter que ser desmontados eventualmente. Até onde eu sei, inicialmente eles vão ser postos em exposição pública (um pedaço do anel apenas). Eu não sei quanto exposto é o exposto de cada um dos componentes. Tem muita coisa radioativa, inflamável… então algumas coisas não vão ser tão expostas assim.
Em relação ao TeV especificamente, eles dizem que vários pedaços podem e vão ser usados em outros experimentos, mas eu não sei exatamente qual nem o que. Todos os planos para o futuro próximo do Fermilab usam fortemente os pré-aceleradores do TeV. Abaixo um pequeno resumo dos aceleradores do Fermilab e para qual experimentos serão usados.
Main injector – minos, minerva, nova, lbne, seaquest
Anti-proton source – mu2e
Booster – microboone
O único projeto que voltaria a usar o buraco do TeV seria um colisor de múons, que é algo ainda em estágios iniciais de R&D (e não quero nem começar a falar em financiamento). A coisa mais essencial para o Fermilab é construir o acelerador novo do Project X. Isso deve virar realidade.