As Raízes da Metafísica…
Acabei de ler o post The Roots of Metaphysics que trata do Paradoxo de Russell — que tem a mesma natureza do Argumento Diagonal (o fato de que os Reais são incontáveis).
Entretanto, no sentido exposto no texto — “(…) no set of existential statements can entail a universal statement” —, a primeira coisa que veio a minha mente foi o Teorema do Limite Central (e suas “variações sobre o tema”). Ou seja, apesar dos pesares, minha crítica ao texto, ao modo como o problema foi exposto no texto, é que eu não achei que a noção de recursividade ficou exposta de modo claro o suficiente (de modo que se note que ela é o ‘pilar’ por detrás do problema sendo tratado). A analogia feita no texto é a de que enquanto a afirmação “todos os morcegos estão na pia” é universal, a afirmação “há um morcego na pia” é existencial. O problema dessa analogia é que nós já sabemos, a priori, que o número de morcegos é finito (assumindo, claro, que só existem morcegos no nosso planeta), o que faz uma diferença enorme em toda essa brincadeira. Num certo sentido, o problema dessa analogia está no Paradoxo de Banach–Tarski: se fosse possível, através dum corte ao meio, se obter dois morcegos idênticos entre si, a partir dum morcego original, aí sim, essa seria uma analogia bona fide, uma vez que a recursividade estaria então implementada no problema. Aliás, é por essas, e outras, que existem diferentes formulações da Teoria de Conjuntos, como, e.g., Teoria de Conjuntos de Zermelo–Fraenkel (e suas respectivas objeções), assim como Teoria de Topos e Teoria de Conjuntos de Tarski–Grothendieck.
Acho interessante ver que o Paradoxo de Russell é de ~1925… e que, por exemplo, os Teoremas de Incompletude de Gödel são de 1931: quando postos em contexto, acho que as implicações são bem interessantes. :wicked:
No final das contas, esse assunto tem um nome: Meta-Matemática — leia mais sobre isso em Meta Math! The Quest for Omega e Omega and why maths has no TOEs. Ou seja, como devemos usar a matemática pra avaliar a própria matemática?
Num certo sentido, isso me leva a pensar diretamente sobre o conceito de Grupo de Renormalização, Teorias Efetivas e Espaço de Teorias (em física teórica) (ver também Grupo de Renormalização Funcional). Ou seja, em Física existem teorias que são fundamentalmente desconexas (como, por exemplo, a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica); entretanto, existe todo um outro conjunto de teorias que estão conectadas via o Grupo de Renormalização: ou seja, existe uma teoria pra explicar cada conjunto de graus-de-liberdade (ie, as variáveis que descrevem uma determinada teoria); entretanto, é possível se rearranjar um conjunto de graus-de-liberdade de modo a se obter as variáveis relevantes para se explicar outra teoria — esse fenômeno leva o nome de Transição de Fase.
Nesse sentido, existem várias escalas relevantes para a Física, que efetivamente formam “ilhas de teorias”, ou “ilhas de verdade” (à la Gödel). Dessa forma, acabamos com um sistema multi-fractal: a auto-similaridade consiste no fato de que toda a estrutura Física se repete nas diversas escalas: Lagrangianos, [quantização via] Integral de Trajetória de Feynman, Renormalização, etc, etc, etc — exceto, claro, por pontos-fixos não-triviais no Fluxo de Renormalização. 😉
Deixe um comentário Cancelar resposta
Páginas
Posts recentes
Comentários
Calendário do AP
- Ocorreu um erro. É provável que o feed esteja indisponível. Tente mais tarde.
Blogroll
Ciência 2.0
- Academia.edu
- Academic Earth
- Acesso Livre
- ccLearn
- Comunidade Moderada de Física
- Connotea
- Daniel’s Google Reader Shared Items
- Democracia e Acesso Livre ao Conhecimento
- Did You Say “Intellectual Property”? It’s a Seductive Mirage
- Directory of Open Access Journals
- Free Culture Movement
- Free Culture: The Nature and Future of Creativity
- Free Software/Free Science
- Google Browser Sync
- Graduate Junction
- myScience: “social software” for scientists
- Nature Network
- Office 2.0
- Open Access
- Open Access Archivangelism
- Open Access Central
- Open Science or Free Science?
- Open source software and peer review
- OpenAcademic
- PhDs.org
- Portal Periódicos
- Saving Academia from Market Enclosure
- Scholarpedia
- Science 2.0
- Science Café
- Science Commons
- Scientific Blogging
- SciLink
- SciRate
- The Academic Blog Portal
- The Academic Reader
- The Future of Ideas: The Fate of the Commons in a Connected World
- The Future of Science is Open, Part 1: Open Access
- The Future of Science is Open, Part 2: Open Science
- The Future of Science is Open, Part 3: An Open Science World
- The New Science of Sharing
- Zotero
Divulgadores de Ciência
eLivros
- A New Look at Falsification In Light Of the Duhem-Quine Thesis
- A theoretical physics FAQ
- Academic Earth
- Birds and Frogs, by Freeman Dyson
- Duhem, Quine and the other dogma
- Duhem–Quine thesis
- Fields
- Introduction to Effective Field Theory
- Introduction to string field theory
- Introduction to the Maldacena Conjecture on AdS/CFT
- Notas de Física Matemática
- ODEs & Dynamical Systems
- QFT Lectures on AdS-CFT
- Quantum Field Theory
- Superspace
- The Harvard College Mathematics Review
- The Nature and Status of String Theory
- The Unreasonable Effectiveness of Mathematics in the Natural Sciences
- Theoretical mathematics
- Unruh effect and applications
Links Aleatórios
Vídeos
Arquivos
- maio 2013
- agosto 2012
- abril 2012
- março 2012
- fevereiro 2012
- dezembro 2011
- novembro 2011
- outubro 2011
- setembro 2011
- agosto 2011
- julho 2011
- junho 2011
- maio 2011
- abril 2011
- março 2011
- fevereiro 2011
- janeiro 2011
- dezembro 2010
- novembro 2010
- outubro 2010
- setembro 2010
- agosto 2010
- julho 2010
- junho 2010
- maio 2010
- abril 2010
- março 2010
- fevereiro 2010
- janeiro 2010
- dezembro 2009
- novembro 2009
- outubro 2009
- setembro 2009
- agosto 2009
- julho 2009
- junho 2009
- maio 2009
- abril 2009
- março 2009
- fevereiro 2009
- janeiro 2009
- dezembro 2008
- novembro 2008
- outubro 2008
- setembro 2008
Mídia Social
• Google Blog Search.
• Perfil no Technorati.
• Perfil no BlogBlogs.com.br.
•
• IceRocket:
• Verve Earth:
Pots mais vistos do AP
Brasil Ciência
Brasil Ciência |
Visit this group |
Daniel, Saudações.
Sou ‘novo’ nos comentários deste tremendo blog e já o favoritei no meu RSS e na minha mente. Entretanto, até agora, nunca tinha postado nada aqui…
Gostei deste post, pois estudo Lógica Matemática e só queria lhe fazer uma correção: o paradoxo de Russell é procedente de 1903, assim o britânico o publicou em sua obra Principles of Mathematics (1903) [e portanto, antes de “Principia Mathematica”; esta obra com Whitehead].
Enfim, daniel, desde já grato pelo retorno e continue com este blog fodástico, certo ???
Até a próxima …